Onde está a igreja? Onde estão os governantes do povo, pelo povo e para o povo? Onde estão os "bons samaritanos"?
Essas perguntas me vieram à mente antes de ontem à tarde (22/09/2011), eu tive uma experiência incrível com meu irmão, João Vítor, 6 anos. Ele é um garoto que teve grande sorte e foi muito abençoado por Deus, escapou da morte várias vezes e saiu de uma família desestruturada e cheia de problemas internos e externos, para uma família que é o completo contrário da sanguínea.
Ontem nós estávamos no ponto de ônibus e sentamos ao lado de uma moradora de rua, ela olhou meu celular e disse:" - Eu também queria ter um".
Eu respondi com um "hãn?" e ela disse que falava do celular, que Deus podia dar um a ela, que Ele um dia daria e que ela sairia da rua, conversamos, ela por vezes gritava com alguém, umas três dessas vezes com outros mendigos conhecidos dela, ela falou que frequenta a igreja, falou que tem uma família em Salvador e que um dia vai se reestruturar. Nos calamos. Eu estava morrendo de vergonha, caramba, eu tenho tudo e ela não tem nada, que vergonha de tantas vezes que eu resmungo e reclamo por que quero alguma coisa!
Alguns instantes, após um longo silêncio, eu já estava em outra dimensão, minha mente já viajava em política, problemas sociais, o papel da igreja e da família. A moça me olhou e me disse: "- Você não tem dinheiro aí não? É que eu estou com fome, minha barriga está doendo, não sei se o restaurante dá comida a gora, ainda é cedo."
Caramba! Precisa os animais acabarem de comer pra que os outros animais deem comida aos humanos? Fiquei abismado. Eu não podia gastar o dinheiro, não era meu. Me desculpei e fiquei inerte, pensando em como tentar resolver momentaneamente o problema dela, a fome. Veio o ônibus, eu e o Viih levantamos, era o ônibus errado. Ele fez questão de me puxar e sentar novamente ao lado dela e me disse baixinho: "- Jônatas, pergunta se ela quer biscoito, eu tenho aqui."
Caramba, eu não tinha dirigido uma palavra a ele. Pude me lembrar que sempre as crianças tem algo bom para oferecer, mesmo quando os mais velhos não podem fazer nada.
Permaneci quieto para que ele tomasse a atitude. Ele pegou todos os biscoitos do lanche dele e deu a ela. Não era um almoço mas já ajudava. Me veio um choro à garganta, meus olhos lacrimejaram, mas não chorei. A dureza da maturidade dos anos é horrível para a expressão dos sentimentos, é como perder a capacidade de chorar para o medo das críticas. Alguns minutos e passa uma mulherzinha pedante, grossa e orgulhosa. Ela usava calça jeans e óculos escuros. Reclamando por que a AGERBA mandou tirar os ambulantes que vendiam lanches e bebidas no ponto, ela saiu bufando e sujando tudo com suas palavras podres como se só a sede dela importasse naquele momento. A mendiga nada disse. Meu irmão abaixou a cabeça e ficou queto. Eu tive vontade de espancá-la!
Acordem Igreja, Governantes, Seres Humanos! Acordem! Vocês só vão parar quando tudo estiver preso por um fio de cabelo? Só abandonarão seu orgulho quando a vida na terra for escarça e nada mais se comprar com o dinheiro? Abram os olhos, tudo depende de nós!
Eu não acredito em uma regeneração, uma regressão da 'deshumanidade' atual para a humanidade antiga, na verdade acredito que daqui pra frente vai ser só o pior, mas o que eu puder fazer para melhorar a vida de uma pessoa vai mudar a minha vida completamente! Não fomos nós que salvamos a vida do João Vítor, foi ele que salvou a nossa, minha e da minha família, foi Deus que o mandou para melhorar tudo e nos fazer enxergar a realidade do mundo. Quando você ajuda alguém, o maior beneficiado é você!
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